Não é novidade na política do País!
O presidente do Rio Grande, Borges de Medeiros, reeleito pela quinta vez graças à fraude sacramentada pela comissão apuradora chefiada por Getúlio Vargas, não acreditava que os maragatos de Assis Brasil, inconformados com o resultado, partissem para uma rebelião armada.
Flores da Cunha, intendente de Uruguaiana que voltou à prefeitura eleito por esmagadora e incontestável maioria, acreditava que as acusações da oposição no Estado eram infundadas. Mais tarde, porém, veio saber de todos os detalhes da fraude. A comissão apuradora fora composta apenas com membros do Partido Republicano, impedindo a presença de fiscais da oposição. Para surpresa dos apuradores, apesar de todos os meios postos em prática para a falsificação das atas eleitorais o resultado na alcançava os 57% de votos exigidos para a reeleição do governante. Cabia a Getúlio, acompanhado dos dois outros membros comunicar o resultado a Borges, mas não conseguiram fazê-lo. Borges de Medeiros se antecipou dizendo-lhes: “Já sei o que vocês vieram fazer. Vieram me felicitar pela minha reeleição no pleito”.
A saída encontrada por Getúlio Vargas foi anunciar uma recontagem dos votos para completar a fraude. Afinal, Getúlio não podia decepcionar o chefe republicano. Devia-lhe entre outros favores e de Borges de Medeiros ter ordenado o desaforamento do processo ao qual respondia seu irmão Viriato Vargas. Pois em São Borja, onde Viriato tinha mandado matar o Dr. Benjamin Torres e fugido para a Argentina, o réu certamente não escaparia a uma pesada condenação. Grato a Borges de Medeiros (que depois o faria seu sucessor), Getúlio, após uma longa recontagem que durou quase dois meses, em janeiro de 1923 proclamava a vitória do candidato republicano por 106.319 votos contra 32.639 de Assis Brasil. Estava aceso o estopim que ia fazer explodir a Revolução de 1923.
Texto extraído da obra Flores da Cunha de corpo inteiro de autoria do jornalista Lauro Schirmer, publicado pela RBS publicações.
Tenham um ótimo domingo.