terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O Xamã

HISTÓRIA DAS RELIGIÕES
O Xamã
O xamanismo é um termo genericamente usado em referência a práticas etnomédicas, mágicasreligiosas animista, primitivas e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, supostas metamorfoses e contato direto entre corpos e espíritos de outros xamãs, de seres míticos, de animais, dos mortos. Muitas de nossas tradições, crenças e simbologias arquetípicas parecem ter evoluído do xaminismo primitivo.
Segundo Gardiner e Osborn (2008), a palavra xamã vem do russo tungúsino, a língua falada pelos tungues nômades da Sibéria e corresponde às práticas dos povos não budistas das regiões asiáticas e árticas especialmente a Sibéria (região centro norte da Ásia). Apesar, como assinala Mircea Eliade (1992) da especificidade dessas práticas na região (em especial as técnicas do êxtase dos tungues, Iacutes, mongóis e turco-tártaros), não existe, contudo origem histórica ou geográfica para o xamanismo como conhecido hoje, tampouco algum princípio unificador. Alguns afirmam que o termo procede também do páli samana e por fim do antigo sâncrito sramana, significando “alguém que sabe”, ou possivelmente de um termo eslavônico denotando a prática dos samoiedos da Sibéria, com o sentido de “ficar estimulado”. Antropólogos discutem ainda na definição xamanismo a experiência biopsicossocial do transe e êxtase religioso, bem como as implicações sociais da definição do xamanismo como fato social. É considerada uma tradição equivalente à magia enquanto prática individualizada relacionada aos problemas e técnicas e ciência da sobrevivência cotidiana (agricultura, caça, medicina, etc.) ou ao fenômeno religioso, abstrato, coletivo, normatizador.
sacerdote do xamanismo é o xamã, que geralmente entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes incomuns, invocando espíritos, através de objetos rituais, do próprio corpo ou do corpo de assistentes e pacientes. A comunicação com estes aspectos sutis da vida pode se processar através de estados alterados de consciência. Estados esses alcançados através de batidas de tambor, danças e até ervas enteógenas.
As variações "culturais" são muitas, mas em geral, o xamã pode ser homem ou mulher, a depender da cultura, e muitas vezes há na história pessoal desse indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental, que se configura como um chamado, uma vocação. Depois disto há uma longa preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e outros métodos de cura, e sobre técnicas para atingir o estado alterado de consciência e formas de se proteger contra o descontrole.

O xamã é tido como um profundo conhecedor da natureza humana, tanto na parte física quanto psíquica.

domingo, 5 de janeiro de 2014

A comunidade de Qumrun

HISTÓRIA DAS RELIGIÕES
A comunidade de Qumran e o pensamento nazoreano!
O nome árabe da localidade é Hirbet Qumrãn. Trata-se de um grupo de ruínas ao pé das montanhas do deserto da Judéia e a 500 metros das margens do Mar Morto, não muito longe de Jericó a 40 quilômetros de Jerusalém. Foi ignorado por muito tempo, mas entrou como protagonista no mundo bíblico a partir de 1947, quando descobriu-se, por acaso, grutas em volta da localidade, que guardavam no seu interior os assim chamados “manuscritos do Mar Morto”.
Graças ao trabalho dos arqueólogos foi possível descobrir que no local residia uma particular comunidade que, como mostram as evidências, quando estourou a guerra entre judeus e romanos, nos anos 60-70 d.C., escondeu, nas grutas próximas, os textos que lhe pertenciam. Por causa dessa descoberta o nosso conhecimento do judaísmo do tempo de Jesus foi enriquecido de forma espetacular. Também o início do cristianismo e o Novo Testamento puderam ser considerados sob novas perspectivas e o texto do Antigo Testamento ganhou um testemunho privilegiado.
Os textos foram encontrados por um pastor árabe, que procurava recuperar uma cabra que tinha se separado do rebanho. Por acaso descobriu um buraco no barranco. Jogou uma pedra e escutou o barulho de vasos de cerâmica que se quebravam. Os pastores, nos dias seguintes, pensavam ter descoberto um tesouro, mas ficaram frustrados, pois acharam apenas alguns pergaminhos amarrados e um pouco fragmentados por causa do tempo. Eles na prática encontraram os primeiros 7 pergaminhos do Mar Morto. Em 1955 o governo de Israel anuncia que comprou todos os 7 manuscritos e que seriam conservados num museu especial, chamado Santuário do Livro, onde estão até hoje.
A descoberta dos manuscritos levou muitos arqueólogos a interessar-se pelo local onde foram encontrados. Já em 1949 teve início uma expedição oficial, que encontrou mais 10 grutas que também escondiam pergaminhos. Depois dessas primeiras descobertas a atenção foi dada às ruínas próximas às grutas, que se pensava fossem somente os restos de uma fortaleza romana. Depois das escavações o parecer é quase unânime: foi ali que nasceram todos os manuscritos encontrados, fruto do lavoro de uma comunidade que viveu naquele local entre os anos 125 a.E.C. e 68 d.E.C.. Os pergaminhos teriam sido escondidos com pressa naquelas grutas, enquanto a suposta comunidade escapava da invasão do exército romano, que se encontrava na Judéia para abafar a revolta judaica.
A origem da comunidade provavelmente tem a ver com conflitos no templo de Jerusalém entre os sacerdotes. O líder da comunidade de Qumrãn, chamado nos manuscritos de “Mestre de Justiça”, era um sacerdote que lutava para implantar uma observância mais rigorosa da Lei nos atos litúrgicos em Jerusalém. Em particular pretendia substituir o calendário lunar com o solar. Isso teria permitido observar de modo mais estrito o sábado, pois desse modo às festas não cairiam nunca nesse dia. Com propostas como esta esse personagem, de quem não se conhece o nome, entra em conflito com os asmoneus, que unificaram o poder religioso àquele político e decide abandonar Jerusalém e vai viver no deserto, com seus seguidores, para preparar-se ao fim do mundo, que julgava estar próximo.
A comunidade provavelmente não era pequena, pois os túmulos encontrados são mais de 1000. Para se sustentar trabalhavam na agricultura nas proximidades das atuais ruínas e dividiam aquilo que possuíam.

Os homens de Qumrãn acreditavam firmemente na assim chamada “doutrina das últimas coisas”: se preparavam para um juízo eminente onde os seus inimigos seriam derrotados e eles, escolhidos por Deus, venceriam, segundo a promessa dos profetas. É nesse contexto que precisa colocar a doutrina sobre o Messias, muito presente nos textos do Mar Morto. Eles acreditavam em 3 messias: um profeta, outro sacerdote e o terceiro rei ou príncipe. Na Regra da Comunidade, um dos documentos encontrados, se diz que o membro da comunidade deve viver sob a Lei até a chegada do profeta e dos messias de Aarão e Israel. Essas três figuras apareceriam antes dos últimos dias, que a comunidade atendia. No documento chamado Testemunho são citadas algumas passagens da Bíblia que sustentam a doutrina messiânica: Dt 18,18-19 – Deus diz a Moisés: suscitarei um profeta como ti entre teus irmãos”; Nm 24,15-17: Balaã prevê que aparecerá um príncipe conquistador; o terceiro texto é a bênção pronunciada por Moisés sobre a tribo de Levi, tribo sacerdotal (Dt 33,8-11).
No fim dos tempos, os homens de Qumrãn atendiam a batalha final na qual eles, os filhos da luz, lutariam contra os filhos das trevas. Portanto a teologia de Qumran é baseada num dualismo exagerado. A pureza cultual e a observância radical da Lei serviam como preparação à guerra final.