HISTÓRIA DAS RELIGIÕES
O Xamã
O xamanismo é
um termo genericamente usado em referência a práticas etnomédicas, mágicas, religiosas animista,
primitivas e filosóficas (metafísica), envolvendo cura, transe, supostas
metamorfoses e contato direto entre corpos e espíritos de outros xamãs, de
seres míticos, de animais, dos mortos. Muitas de nossas tradições, crenças e
simbologias arquetípicas parecem ter evoluído do xaminismo primitivo.
Segundo Gardiner e Osborn (2008), a palavra xamã vem do russo
tungúsino, a língua falada pelos tungues nômades da Sibéria e corresponde às
práticas dos povos não budistas das regiões asiáticas e árticas
especialmente a Sibéria (região centro norte da Ásia). Apesar, como
assinala Mircea Eliade (1992) da especificidade
dessas práticas na região (em especial as técnicas do êxtase dos tungues,
Iacutes, mongóis e turco-tártaros), não existe, contudo origem histórica ou
geográfica para o xamanismo como conhecido hoje, tampouco algum princípio
unificador. Alguns afirmam que o termo procede também do páli samana e por fim do antigo sâncrito sramana, significando “alguém que sabe”,
ou possivelmente de um termo eslavônico denotando a prática dos samoiedos da
Sibéria, com o sentido de “ficar estimulado”. Antropólogos discutem ainda na
definição xamanismo a experiência biopsicossocial do transe e êxtase religioso,
bem como as implicações sociais da definição do xamanismo como fato social. É
considerada uma tradição equivalente à magia enquanto prática individualizada
relacionada aos problemas e técnicas e ciência da sobrevivência cotidiana
(agricultura, caça, medicina, etc.) ou ao fenômeno religioso, abstrato,
coletivo, normatizador.
O sacerdote do xamanismo é o xamã,
que geralmente entra em transe durante rituais xamânicos, manifestando poderes
incomuns, invocando espíritos, através de objetos rituais, do próprio corpo ou do
corpo de assistentes e pacientes. A comunicação com estes aspectos sutis da
vida pode se processar através de estados alterados de consciência. Estados
esses alcançados através de batidas de tambor, danças e até ervas enteógenas.
As variações "culturais" são muitas, mas em geral,
o xamã pode ser homem ou mulher, a depender da cultura, e muitas vezes há na
história pessoal desse indivíduo um desafio, como uma doença física ou mental,
que se configura como um chamado, uma vocação. Depois disto há uma longa
preparação, um aprendizado sobre plantas medicinais e outros métodos de cura, e
sobre técnicas para atingir o estado alterado de consciência e formas de se
proteger contra o descontrole.
O xamã é tido como um profundo conhecedor da natureza humana,
tanto na parte física quanto psíquica.