quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A ABÓBODA DO TEMPLO

O objetivo deste estudo é o de iniciar a discussão sobre o significado da Abóbada Celeste na Maçonaria e, especificamente no Templo Maçônico. Creio ser mister, um esclarecimento sobre as diferenças existentes entre Templo e Loja Maçônica, não muito raro palavras tidas erroneamente como sinônimos. TEMPLO MAÇÔNICO: considerando o aspecto exotérico (com “x”) - É o edifício, a estrutura física, na qual se reúnem os maçons para avançar na senda até a perfeição. Já sob a ótica esotérica, (com “s”), podemos assinalar que o Templo Maçônico é o Corpo Humano, onde mora o SER, a Essência Infinita, O Espírito de Deus, É chamado de Templo porque não é outra coisa que o santuário que utiliza a Divindade, o homem é a chispa divina com os mesmos atributos Deste.
LOJA MAÇÔNICA: considerando o aspecto exotérico - É o conjunto de pessoas que integram a família maçônica. Tal como a igreja, que é simplesmente a congregação de seus fiéis, a Loja não é um lugar físico, senão que a associação ou somatório daquelas pessoas que realizam o trabalho maçônico, quer dizer, a intenção de continuar o caminho que empreenderam no momento da sua Iniciação Maçônica. Única maneira portanto, de alcançar a verdadeira iniciação, pois é inegável que a cerimônia dedicada a este propósito, está constituída somente por uma série de símbolos que se oferecem ao neófito, para que ele, com o trabalho tenaz e ininterrupto, alcance a Iniciação Real. Já sob a ótica esotérica - A Loja é a congregação do exército de virtudes que se unem e se dispõem a luta contra os instintos, os vícios e as paixões que a escravizam.
Não tenho, nem de longe, a pretensão de esgotar a matéria, primeiro por se tratar de um assunto bastante polêmico, segundo porque os meus parcos conhecimentos não me permitem chegar a tanto e, em terceiro lugar, porque para um maçom não existem verdades absolutas, o que significa dizer que nenhuma análise sobre o assunto será tida como definitiva, uma vez que um de nossos princípios é a infinita busca da verdade.
Espero, pois, que este pequeno ensaio, seja o início de uma discussão e, principalmente, de um estudo aprofundado sobre o tema abordado, tendo em vista a necessidade que temos de aprofundarmos o estudo sobre a simbologia que envolve o Templo Maçônico e a própria Maçonaria, uma vez que não se pode pretender ser um verdadeiro maçom, sem o estudo aprofundado dos símbolos sobre os quais se sustenta a doutrina de nossa Ordem.
Nosso templo, tem o teto de forma abobadada, simbolicamente, a representação da Abóboda Celeste, na cor azul celeste que se vê sobre o Oriente e este azul vai se matizando até chegar ao azul escuro já sob o Ocidente. O simbolismo dessa mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, as civilizações, enfim tiveram sua origem no Oriente e de lá caminham para o Ocidente. A luz apresenta-se em toda sua pujança no Oriente enquanto que, no Ocidente, as trevas são espaçadas lentamente pela luz que caminha do Leste para Oeste. E, repleto de nuvens, astros e estrelas, onde circulam o Sol e a Lua, representando claramente o firmamento celeste, onde todos se conservam em equilíbrio, atraídos que são, uns pelos outros, em uma mistura de hemisférios que nos remonta a unidade da Ordem.
No Oriente, um pouco à frente do Trono do Venerável Mestre, vislumbra-se o Sol: que simboliza a vida, marca o signo do nascimento. Símbolo de autoridade, de poder, de orgulho e de desenvolvimento. Que, segundo o Ritual do Aprendiz (GORGS, 2013) “o Sol nasce no Oriente para principiar a carreira e romper o dia, assim o Venerável Mestre ali tem assento para abrir e fechar a Loja, dirigi-la em seus trabalhos e esclarecer os Obreiros com as luzes de sua sabedoria”. Sendo sua trajetória do Oriente para o Ocidente, simboliza a iluminação que resulta do desenvolvimento pessoal do Obreiro. Logo acima do altar do 1º Vigilante, a Lua: que, quando relacionados, o Sol é o emblema do meio-dia enquanto que a Lua é o emblema da meia-noite, ou seja, o início e o término dos trabalhos de todo maçom. Conforme Ismail (2011):
Esse simbolismo é creditado a Zoroastro, conforme muitos Rituais denunciam, Zoroastro foi um importante profeta persa, considerado como um dos principais mestres dos Antigos Mistérios, chamado por muitos de “pai do dualismo” e tido como precursor de muitos pensamentos comuns entre as três vertentes religiosas de Abraão: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. A tradição diz que os trabalhos nos templos de Zoroastro ocorriam do meio-dia à meia-noite, e que sua filosofia tinha por base a cosmologia. O antagonismo do dia e da noite, da claridade e da escuridão, era visto na natureza e no bem e o mal, presentes em cada ser humano. (ISMAIL, 2011)

E, o símbolo é uma Lua quarto-crescente porque, a astronomia ensina que a Lua quarto-crescente nasce ao meio-dia e se põe exatamente à meia-noite. Assim, quando o Sol está em seu zênite, ao meio-dia em ponto, é quando a Lua quarto-crescente nasce, a qual se põe à meia-noite em ponto. A lua quarto-crescente, tão importante para os Persas seguidores de Zoroastro, atravessou os milênios, tornando-se emblema da cultura árabe. Acima do Altar do 2º Vigilante, uma Estrela de cinco pontas: a Estrela de Cinco Pontas, também denominada Estrela Pentagonal ou Pentagrama é primordialmente um dos símbolos da magia, que sempre aparece em diversos ritos. Ela foi difundida por Escolas Pitagóricas, (Pitágoras também se dedicava à magia, alquimia e à alquimia cabalística), e recebeu do teólogo, médico e cabalista Cornélio Agrippa (dedicado à magia), o nome de Estrela Flamejante ou Estrela Flamígera, no início do século XVI, aqui representada pelo planeta Vênus que, devido a sua proximidade com o astro Rei e seu tamanho, consequente mais brilhante é também chamado de estrela. A estrela terceira mais brilhante no céu depois do Sol e da Lua. Mas não é uma estrela, é um planeta. Uma vez que é um planeta interior (sua órbita está mais perto do Sol do que a Terra) é apenas visível pouco antes do nascer do sol ou logo após o pôr do sol, dependendo da posição que você tem em sua órbita.
No centro do teto é fácil observarmos a existência de três Estrelas da Constelação de Órion, e entre mesmas estrelas, figuram as Plêiades, a Híades e Aldebarãs que se situam a Nordeste do Templo. Já entre Órion e o Nordeste do Templo, brilham Régulos da Constelação de Leão.
No Norte observamos a Ursa Maior; a Nordeste, apresenta-se Arturus com a sua cor avermelhada; e Leste a Spica da constelação de Virgem; a Oeste Antares e finalmente Fomalhaut que se situa no Sul.
Todas essas estrelas são de Primeira Grandeza, que refulgem simbolicamente no teto do Templo, e as primeiras são: Três (3) da constelação de Órion; cinco (5) da constelação das Híades, e sete (7) das constelações das Plêiadese e Ursa Maior. Já Aldebarã, Arturus, Régulus, Antares e Fomalhaut são denominadas Estrelas Reais. Interessante salientar que os planetas também se apresentam no teto do Templo, e figuram no Oriente Júpiter, no Ocidente Vênus, junto ao Sol fica Mercúrio, enquanto que Saturno e seus satélites ficam próximo a Órion.
Os autores sempre exercem influência predominante no espírito do homem. A Astrologia é uma das ciências mais antigas do Mundo e através dela os magos procuram, sempre entrever os destinos da humanidade. Astros e planetas benéficos e maléficos atuam, segundo os astrólogos, sobre a vida dos homens e sobre os acontecimentos terrestres. As conjunções planetárias sempre constituíram objeto de estudo acurador, e suas influências, dizem os astrólogos, atuam não só na visa particular do homem, como dos destinos da Pátria e de todo o Mundo.
A Maçonaria, datando dos tempos imemoráveis e sendo, como o é, um repositório do mais autêntico simbolismo, não poderia fugir a influência da Astrologia e assim se explica a íntima ligação da Maçonaria e da Astrologia no aparecimento da figuração dos principais astros e dos planetas no teto do Templo que é, simbolicamente, a representação da Abóbada Celeste.
O azul celeste é a cor que se vê sobre o Oriente e este azul vai se matizando até chegar ao azul escuro já sob o Ocidente. O simbolismo dessa mudança de cor significa que as ciências, as letras, as artes, as civilizações, enfim tiveram sua origem no Oriente e de lá caminham para o Ocidente. A luz apresenta-se em toda sua pujança no Oriente enquanto que, no Ocidente, as trevas são espaçadas lentamente pela luz que caminha do Leste para Oeste.
Alguns hermetistas procuram no simbolismo da cambiante cor azul no teto dos Templos Maçônicos a representação da Aura Humana, que envolve os corpos de todos os habitantes da Terra e que reflete os pensamentos bons ou maus das pessoas, assim formando uma Aura mais clara ou mais escura que é representada pela mudança do azul no teto dos Templos.
A abóbada celeste simboliza as causas primeiras e a harmonia, eternamente ativa, de que compõe o Universo. Já a abóbada do Templo é assim azulada e estrelada porque, como a Abóbada Celeste, cobre todos os homens sem distinção de classe ou cor. A abóbada constelada dos Templos é o símbolo da Universalidade da Maçonaria e de sua transcendência, porque o céu estrelado é sempre um convite à meditação favorecida pela quietude e pelo profundo silêncio que conduzem à paz e à tranquilidade do espírito.

Muitas hipóteses já foram levantadas sobre o que a Abóbada Celeste realmente simboliza na Maçonaria. Uns dizem que se trata de um método de orientação de navegação. Outros que simplesmente retrata a simbologia dos cargos que lhe estão imediatamente abaixo. Astrologicamente, pode ser uma Carta Astral de uma data especial.
Entretanto de tudo aquilo que expomos podemos chegar a algumas conclusões, do ponto de vista simbólico, diferentes das hipóteses acima. Talvez esteja tentando inovar, mas acho que a conclusão que apresentamos a seguir pode ser o início de uma investigação do real significado da Abóbada Celeste.
Vejamos: Em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, três a governam, cinco a compõem e sete a completam. As estrelas principais que refulgem simbolicamente no teto do Templo, são três da Constelação de Órion; cinco da Constelação dos Híades e sete das constelações das Plêiades e da Ursa Maior.
Assim, em uma Loja Justa, Perfeita e Regular, os três que a governam, o Venerável Mestre o Irmão 1º Vigilante e o Irmão 2º Vigilante, são representados pela Constelação de Órion.
Os cinco Mestres Maçons que a compõem, os Irmãos Orador, Secretário, Tesoureiro, Chanceler e Mestre de Cerimônias, são representados pelas cinco estrelas da Constelação das Híades; e os sete Mestres Maçons que a completam, os Irmãos Hospitaleiro, 1º Diácono, 2º Diácono, Porta Espada, Porta Estandarte, 1º Experto e 2º Experto, são representados pelas sete estrelas das Constelações das Plêiades e da Ursa Maior. Portanto teríamos representados na Abóbada, todos os cargos de administração da Loja.
Concluímos, ainda, que além da significação simbólica acima, em nossa abóbada escondem-se vários dos princípios morais, das leis naturais e dos grandes contrastes e transformações que regem o transcurso da vida cósmica e humana, havendo em seu contexto um pensamento orientado, voltado para a tradição esotérica e para o transcendental que contribui decisivamente para a formação da aura humana e da energia que se estabelece nos momentos de concentração de todos os irmãos durante as sessões.
Por enquanto, foi o que podemos entender da Abóbada Celeste. Outros aspectos e significados existem, todavia, para o que nos propomos, entendemos ter proporcionado o início da discussão que espero não pare por aqui, posto que a importância do tema clama por um estudo mais aprofundado.
Aos irmãos M:. M:., peço desculpas pelas interpretações, porventura errôneas e espero deles a contribuição necessária para corrigi-las, enquanto que dos Irmãos Aprendizes e Companheiros, espero despertar a atenção para o estudo do tema, dada a beleza e a importância que ele encerra.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Edilson - Mestre Maçom, Venerável de Honra da ARLS ARMANDO DO AMARAL SÁ Nº 56, Cavaleiro de Kadoshi, Gr.: 30, Belém-Pa. 10 de março de 2004.
http://www.solbrilhando.com.br/Sociedade/Maconaria/Artigos/A_tradicao_paga_na_m.htm

http://joseroberto735.blogspot.com.br/2013/10/a-abobada-celeste-no-reaa_21.html

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