O
mestre abriu as abas do lenço delicadamente, e o conteúdo não deixou de causar
surpresa: eram sementes.
Nenhum
saber – disse o mestre com calma e autoridade – pode ser passado de forma
pronta ou finalizada. O conhecimento é sempre, e sempre, uma semente. E, da
mesma forma que a semente, o conhecimento precisa do agricultor, que é aquele
que planta, rega e aduba, mas precisa mais do que tudo, da terra em que é
colocado. Sem chão o conhecimento não se desenvolve, não cresce, não vira
árvore. E, ser chão, ser terra fértil, é trabalhoso, é pesado. O trabalho da
terra é sempre o mais pesado, pois ao contrário do agricultor que tudo tira do
ambiente, a terra tem que tirar de si mesma os nutrientes para que o saber vire
conhecimento e este venha a ser, após longos e longos anos, sabedoria. Por
favor, peguem cada um, uma das sementes. O papel delas é o de lembrá-los do que
agora digo, mas também é de dar esperança. Pois toda a semente, por mais
insignificante que seja, tem dentro dela uma planta adulta. Ela está lá, bem no
fundo, latente e forte. O papel da semente é somar-se a terra e não de lutar
contra ela.
Texto
adaptado de Nikelen Witter (2012).
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