sábado, 21 de maio de 2016

A MAÇONARIA SOB A ÓTICA DE UM NEÓFITO


          Há exatos 41 anos, também ingressando em uma escola iniciática ao ouvir o toque do clarim convocando para uma reunião de oficiais, sempre sentia uma grande ansiedade e o pulsar do corpo como um todo. Pois, o comandante da unidade onde prestava serviço, tinha como hábito escolher dentre os tenentes em início de carreira um, para que, em nome do comando saudasse o aniversariante, o visitante, enfim, o homenageado em questão. Assim agia para proporcionar uma oportunidade ao aprendiz de se preparar para falar em público, para liderar sua tropa, como exemplo a ser seguido por seus comandados. Ali morria o adolescente irrequieto que, renascia como um soldado cumpridor do seu dever cívico, de amor e dedicação à Pátria e as instituições da Nação, que viveu por mais de dez anos na vida da caserna, procurando sempre o aperfeiçoamento pessoal e profissional para cumprir as diferentes missões que lhe foram designadas.
Hoje, mesmo após longo tempo em salas de aula, muito como aluno, algumas vezes como professor ou palestrante de alguma área do conhecimento, mesmo já tendo renascido pelo menos outras duas vezes, ainda sinto o mesmo frio na barriga. Mas, a ansiedade se faz substituída pela expectativa; o pulsar do corpo pela sintonia da energia aqui emanada.
Posso afirmar que já se passaram mais de 25 anos desde as primeiras sondagens até o momento de poder aceitar o convite e efetivamente participar da fraternidade.
Como todo ritual de iniciação e seguindo a Lei da natureza, pois todo ser, antes de ver a luz, tem que se formar, enclausurado em ambiente de recolhimento. Só depois de ver a luz é que se inicia a sua aprendizagem e aperfeiçoamento, mercê de um processo contínuo de aprimoramento e aperfeiçoamento em busca da Iluminação, do resplandecer do sol interior. Assim, uns passam pelo ovo, pelo casulo, outros pela semente, pelo ventre materno. Também para ser Maçom, ainda profano, antes de ser iniciado passei pela Câmara de Reflexões, o "útero" da Loja mãe.
Mergulhado na escuridão da ignorância, escrevendo um testamento e respondendo as perguntas propostas, me senti morrendo para mais uma vida, mas, crente na reencarnação com a lembrança consciente das vidas anteriores me pus a meditar sobre os desafios que estariam prestes a acontecer. Tomando como padrões, símbolos existentes naquele ambiente: o pão e a água; o enxofre, o sal e o mercúrio; a bandeirola "Vigilância e Perseverança"; os ossos, a caveira, a foice e a ampulheta; a sigla em latim: V.I.T.R.I.O.L., que significa Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). O que filosoficamente ela quer dizer: Visita o Teu Interior, Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.
Tal simbologia fundamenta-se toda no Hermetismo: trata-se da primeira fase da Grande Obra, a Putrefação, que não ocorre somente no interior do Ovo Filosófico, criação que não é apenas inerente ao homem, mas também e, principalmente, à natureza operante.
A Câmara de Reflexão, dessa forma, faz às vezes de útero, onde se dá a maravilha da criação, imediatamente antes da iniciação, que é o nascimento, o conhecimento da luz. A grandiosidade da criação maçônica, que ocorre nessa câmara fechada e quase totalmente escura, é análoga à iniciação dos essênios, identificando a união de Deus (LUZ) com a energia e a iluminação interna, como o princípio de toda a vida mística.
Durante o ritual e após prestar o primeiro juramento onde o adocicado passa a amargo e a expulsão é irremediável são iniciadas as viagens que culmina com o nascimento do neófito quando o Ven.·. M.·.  determina que a LUZ seja dada ao neófito. Momento em que, ainda com a visão um tanto embaralhada, nos deparamos com espadas apontadas em nossa direção.
Ao ser conduzi até o Ir.·. 1º Vig.·. onde é recebido o avental e apresentada a Pedra Bruta que é um dos vários elementos que decoram internamente uma loja maçônica. Que, simboliza as arestas da personalidade que o maçom deve aparar ou limar, para poder se aperfeiçoar. Estas arestas são os sentimentos como o ciúme, a perfídia, a vingança, os vícios, e outros mais, pecados da moral e dos bons costumes que como maçom jura combater. Aparando desta forma as suas arestas, o maçom está a tornar-se mais perfeito e mais polido, representado simbolicamente pela Pedra Cúbica.
Esculpir a si mesmo é o trabalho de tornar-se esclarecido. A metáfora da pedra se encaixa com a constituição do Templo, pois sem uma pedra trabalhada não é possível construí algo com ela.
Como todo o neófito e, no meu caso, altamente imperfeito, tenho procurado dedicar-me a algumas leituras, pesquisas e pequenos estudos, visando além de estar maçom, ser maçom o que em minha percepção inicial é o mais importante. Pois tudo o que é dedicadamente ensinado ao aprendiz por seus mestres tanto serve para suas atitudes em loja, como para as relações na sociedade em que participa e principalmente na evolução do ser interior, diuturnamente esculpindo e lapidando o templo de forma a ser distinguido por suas atitudes em loja ou fora dela.
Tendo recebido meu nome maçônico, passei a utiliza-lo com a felicidade de quem consegue galgar um degrauzinho da escada de Jacó, mesmo que mínimo, mas importante por ser um crescimento. Na oportunidade um dos IIr.∙. propôs que fosse apresentado uma explicação para o nome Immanuel.
Bem, o que posso dizer é que o nome Immanuel tem sua origem no hebraico arcaico cujo significado pode ser entendido como “Im” que significa: dentro; “man”, que significa: homem e “el” cujo significado mais próximo é “ser luminoso” ou “ser de LUZ”, assim entendido como aquele que tem em seu interior um “ser luminoso”. Outra interpretação não muito diferente também com origem no hebraico arcaico onde “imanú” significa: conosco e “el” significa: “Deus”. Citando Mateus 1:23 “Deus está nos corações dos homens puros”. No Antigo Testamento, nome pelo qual Isaías designa o Messias, proclamando: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará a luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”.
Pela numerologia, o nome Immanuel ou Emmanuel tem como número da sorte o número 3. É uma pessoa romântica e sedutora. São seres alegres, extrovertidas e sociáveis, transmitem muita confiança no amor e na vida em todos os aspectos.
Outro aspecto observado parte do médium brasileiro, Chico Xavier que atribuiu a Emmanuel a maior parte da autoria dos seus livros psicografados. Das suas obras, destacam-se os ensinamentos da doutrina espírita, os ensinamentos bíblicos na visão espírita. Emmanuel, que significa "Deus conosco", se manifestou a Chico Xavier na década de 20, porém as psicografias se iniciariam a partir de 1930. Segundo as palavras de Chico Xavier: "Emmanuel foi um verdadeiro pai, um mentor querido que com carinho tolerou todas as minhas falhas".
Em sua obra O Livro dos Espíritos que é o primeiro livro sobre a Doutrina Espírita, publicado pelo educador francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo Allan Kardec, trata a qualquer divindade como “Emmanuel”.
A escolha do nome Immanuel cujo significado pode ser entendido como “aquele que tem dentro de si um ser luminoso” conforme Gardiner e Osborn na obra Priorado Secreto (2009) serve como bússola a apontar à direção, como farol a mostrar o caminho, como mantra a fazer caminhar em direção ao aprimoramento em busca da iluminação interior, o que os mesmos autores chamam de kundalini.
Ao agradecer o impressionante acolhimento por parte de todos os IIr.·., firmo a determinação de não medir esforços em busca de meu aperfeiçoamento e assim, com a prática da virtude ser digno de estar entre vós.

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