Há
exatos 41 anos, também ingressando em uma escola iniciática ao ouvir o toque do
clarim convocando para uma reunião de oficiais, sempre sentia uma grande
ansiedade e o pulsar do corpo como um todo. Pois, o comandante da unidade onde
prestava serviço, tinha como hábito escolher dentre os tenentes em início de
carreira um, para que, em nome do comando saudasse o aniversariante, o
visitante, enfim, o homenageado em questão. Assim agia para proporcionar uma
oportunidade ao aprendiz de se preparar para falar em público, para liderar sua
tropa, como exemplo a ser seguido por seus comandados. Ali morria o adolescente
irrequieto que, renascia como um soldado cumpridor do seu dever cívico, de amor
e dedicação à Pátria e as instituições da Nação, que viveu por mais de dez anos
na vida da caserna, procurando sempre o aperfeiçoamento pessoal e profissional
para cumprir as diferentes missões que lhe foram designadas.
Hoje,
mesmo após longo tempo em salas de aula, muito como aluno, algumas vezes como professor
ou palestrante de alguma área do conhecimento, mesmo já tendo renascido pelo
menos outras duas vezes, ainda sinto o mesmo frio na barriga. Mas, a ansiedade
se faz substituída pela expectativa; o pulsar do corpo pela sintonia da energia
aqui emanada.
Posso
afirmar que já se passaram mais de 25 anos desde as primeiras sondagens até o
momento de poder aceitar o convite e efetivamente participar da fraternidade.
Como
todo ritual de iniciação e seguindo a Lei da natureza, pois todo ser, antes de ver a luz, tem que se formar,
enclausurado em ambiente de recolhimento. Só depois de ver a luz é que se
inicia a sua aprendizagem e aperfeiçoamento, mercê de um processo contínuo de
aprimoramento e aperfeiçoamento em busca da Iluminação, do resplandecer do sol
interior. Assim, uns passam pelo ovo, pelo casulo, outros pela semente, pelo
ventre materno. Também para ser Maçom, ainda profano, antes de ser iniciado
passei pela Câmara de Reflexões, o "útero" da Loja mãe.
Mergulhado na escuridão da ignorância,
escrevendo um testamento e respondendo as perguntas propostas, me senti
morrendo para mais uma vida, mas, crente na reencarnação com a lembrança
consciente das vidas anteriores me pus a meditar sobre os desafios que estariam
prestes a acontecer. Tomando como padrões, símbolos existentes naquele ambiente:
o pão e a água; o enxofre, o sal e o mercúrio; a bandeirola "Vigilância e
Perseverança"; os ossos, a caveira, a foice e a ampulheta; a sigla
em latim: V.I.T.R.I.O.L., que significa Visita o Centro da Terra,
Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta (ou Filosofal). O que filosoficamente ela quer dizer: Visita o Teu Interior,
Purificando-te, Encontrarás o Teu Eu Oculto, ou, "a essência da tua alma humana". É o símbolo universal da
constante busca do homem para melhorar a si mesmo e a sociedade em geral.
Tal simbologia
fundamenta-se toda no Hermetismo: trata-se da primeira fase da Grande Obra, a
Putrefação, que não ocorre somente no interior do Ovo Filosófico, criação que
não é apenas inerente ao homem, mas também e, principalmente, à natureza
operante.
A Câmara de Reflexão, dessa
forma, faz às vezes de útero, onde se dá a maravilha da criação, imediatamente
antes da iniciação, que é o nascimento, o conhecimento da luz. A grandiosidade
da criação maçônica, que ocorre nessa câmara fechada e quase totalmente escura,
é análoga à iniciação dos essênios, identificando a união de Deus (LUZ) com a
energia e a iluminação interna, como o princípio de toda a vida mística.
Durante
o ritual e após prestar o primeiro juramento onde o adocicado passa a amargo e
a expulsão é irremediável são iniciadas as viagens que culmina com o nascimento
do neófito quando o Ven.·. M.·.
determina que a LUZ seja dada ao neófito. Momento em que, ainda com a
visão um tanto embaralhada, nos deparamos com espadas apontadas em nossa
direção.
Ao
ser conduzi até o Ir.·. 1º Vig.·. onde é recebido o avental e apresentada a
Pedra Bruta que é um dos vários elementos que decoram internamente uma loja
maçônica. Que, simboliza as arestas da personalidade que o maçom deve aparar ou
limar, para poder se aperfeiçoar. Estas arestas são os sentimentos como o
ciúme, a perfídia, a vingança, os vícios, e outros mais, pecados da moral e dos
bons costumes que como maçom jura combater. Aparando desta forma as suas
arestas, o maçom está a tornar-se mais perfeito e mais polido, representado
simbolicamente pela Pedra Cúbica.
Esculpir
a si mesmo é o trabalho de tornar-se esclarecido. A metáfora da pedra se
encaixa com a constituição do Templo, pois sem uma pedra trabalhada não é
possível construí algo com ela.
Como todo o neófito e, no meu caso,
altamente imperfeito, tenho procurado dedicar-me a algumas leituras, pesquisas
e pequenos estudos, visando além de estar maçom, ser maçom o que em minha
percepção inicial é o mais importante. Pois tudo o que é dedicadamente ensinado
ao aprendiz por seus mestres tanto serve para suas atitudes em loja, como para
as relações na sociedade em que participa e principalmente na evolução do ser
interior, diuturnamente esculpindo e lapidando o templo de forma a ser
distinguido por suas atitudes em loja ou fora dela.
Tendo recebido meu nome maçônico,
passei a utiliza-lo com a felicidade de quem consegue galgar um degrauzinho da
escada de Jacó, mesmo que mínimo, mas importante por ser um crescimento. Na
oportunidade um dos IIr.∙. propôs que fosse apresentado uma explicação para o
nome Immanuel.
Bem,
o que posso dizer é que o nome Immanuel tem sua origem no hebraico arcaico cujo
significado pode ser entendido como “Im” que significa: dentro; “man”, que
significa: homem e “el” cujo significado mais próximo é “ser luminoso” ou “ser
de LUZ”, assim entendido como aquele que tem em seu interior um “ser luminoso”.
Outra interpretação não muito diferente também com origem no hebraico arcaico
onde “imanú” significa: conosco e “el” significa: “Deus”. Citando Mateus 1:23
“Deus está nos corações dos homens puros”. No
Antigo Testamento, nome pelo qual Isaías designa o Messias, proclamando:
“Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará
a luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel”.
Pela numerologia, o nome Immanuel ou Emmanuel tem como número da sorte o número 3. É uma pessoa
romântica e sedutora. São seres alegres, extrovertidas e sociáveis, transmitem
muita confiança no amor e na vida em todos os aspectos.
Outro aspecto
observado parte do médium brasileiro, Chico Xavier que atribuiu a Emmanuel a
maior parte da autoria dos seus livros psicografados. Das suas obras,
destacam-se os ensinamentos da doutrina espírita, os ensinamentos bíblicos na
visão espírita. Emmanuel, que significa "Deus conosco", se manifestou
a Chico Xavier na década de 20, porém as psicografias se iniciariam a partir de
1930. Segundo as palavras de Chico Xavier: "Emmanuel foi um verdadeiro
pai, um mentor querido que com carinho tolerou todas as minhas falhas".
Em sua obra O Livro dos Espíritos que é o primeiro
livro sobre a Doutrina Espírita, publicado pelo educador francês Hippolyte Léon
Denizard Rivail, sob o pseudônimo Allan Kardec, trata a qualquer divindade como
“Emmanuel”.
A escolha do nome Immanuel cujo
significado pode ser entendido como “aquele que tem dentro de si um ser
luminoso” conforme Gardiner e Osborn na obra Priorado Secreto (2009) serve como
bússola a apontar à direção, como farol a mostrar o caminho, como mantra a
fazer caminhar em direção ao aprimoramento em busca da iluminação interior, o
que os mesmos autores chamam de kundalini.
Ao
agradecer o impressionante acolhimento por parte de todos os IIr.·., firmo a
determinação de não medir esforços em busca de meu aperfeiçoamento e assim, com
a prática da virtude ser digno de estar entre vós.
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